O ritmo da transformação digital está colocando cada vez mais pressão para que a área de finanças se adapte e diversas instituições estão começando a entender e a aproveitar as vantagens da robotização no setor financeiro. A robotização, ou RPA (Robotic Process Automation), automatiza o processamento de transações e a comunicação ao longo de diversos sistemas de tecnologia. Robôs executam processos recorrentes como se fossem humanos, mas com menos risco de erros e fadiga.

A robotização no setor financeiro utiliza softwares para realizar tarefas repetitivas e automatizar processos que envolvem grandes volumes de atividades manuais, incluindo entrada de dados e relatórios, como formalização de contratos e processos como procure-to-pay e order-to-cash, entregando mais velocidade, menos custos e maior precisão.

Para se ter uma ideia da eficiência proporcionada pela robotização no setor financeiro um estudo da Deloitte aponta a experiência de um grande banco que implementou a automação com base em RPA, usando 100 robôs para executar 18 processos e lidar com mais de 85 mil solicitações por semana. A consultoria apurou que a capacidade de produção fornecida pelos robôs foi equivalente à de aproximadamente 230 profissionais, mas com apenas 30% do custo de pessoal. Ao mesmo tempo, duas das cinco principais falhas de qualidade foram eliminadas após a introdução dos robôs.

Além disso, essa automação também permite que a área financeira possa alocar as pessoas em funções mais estratégicas onde possam ajudar a instituição em tarefas mais estratégicas.

Áreas chave para a robotização no setor financeiro

Muitas instituições financeiras estão adotando a robotização para enfrentar os desafios da transformação digital, e estão buscando quais processos podem ser mais beneficiados de imediato com a nova tecnologia. Especialistas indicam algumas áreas onde o setor financeiro deve investir inicialmente na robotização:

Processos existentes – a tecnologia de RPA pode agilizar as operações e reduzir riscos desde que a sua integração com a infraestrutura legada e processos em uso seja realizada de forma adequada, evitando interrupções no fluxo de operações. A ideia é melhorar a qualidade e a eficiência do que já está implantado.

Processos repetitivos e recorrentes – processos repetitivos são considerados ideais para a implantação de tecnologias de RPA, principalmente processos como pagamentos e outras tarefas manuais.

Processos com dados distribuídos– quando é necessário buscar informações em diversas fontes vale a pena investir na robotização no setor financeiro. Aplicações automatizadas transferem diretamente informações disponíveis em papel para o computador, do papel para o sistema e até entre sistemas, agilizando a compilação de dados.

 

Processos com grande volume de dados – a robotização pode ser usada para automatizar processos sofisticados como geração de cotações, avaliando preço, prazo, reajustes, condições de pagamento, taxa de financiamento e outras ofertas de milhares de fontes em relação ao material cuja compra foi solicitada, organizando todos esses dados, mesmo que não estejam originalmente estruturados. As cotações são geradas de acordo com as regras definidas pelo usuário.

 

O futuro está próximo

Logo a robotização no setor financeiro será uma realidade, embarcada nos sistemas usados cotidianamente na gestão do negócio. Como outras tecnologias, a RPA certamente irá se tornar uma commodity, deixando de ser um diferencial, e sim uma tecnologia que todas as empresas precisarão contar para garantir a sua sobrevivência, agilizando processos, reduzindo o tempo de ocupação com tarefas manuais, otimizando o trabalho da equipe, aumentando a produtividade e reduzindo erros.

E a relação com a mão de obra humana não será um problema. Segundo Juliana Trindade, Gerente de Projetos da Access Brasil, “como a robotização se aplica a todo tipo de empresa que executa grande quantidade de ações repetitivas – principalmente em operações de finanças e RH -, devemos considerar que esse profissional vai se tornar mais estratégico e primordial ao migrar da atuação estritamente operacional (atividades mecânicas) para uma atuação mais estratégica e gerencial que realmente aumente o valor agregado dos negócios que compõem o core business da empresa”.